Depois de alguns "vegan days" levando a sério a restrição na dieta, amigos e familiares estão se perguntando se minha decisão é mesmo séria. E muitos me questionam novamente o motivo. No meu primeiro post expliquei minha tragetória, como passei anos comendo junk food, como tentei algumas vezes melhorar a dieta, mas sempre voltava ao fast food e como conheci o veganismo. Em outubro de 2009 disse a minha amiga "vou virar vegana só porque te amo". Isto é lindo, mas não é inteiramente verdade.
O amor é transformador. Por ele somos capazes de mudar nossas convicções, largar vícios, mudar nosso estilo de vida, enfim, buscar nossa evolução, nos tornar melhores. E neste sentido, ela é sim minha musa inspiradora. Mas ao fazer essa afirmação, algumas pessoas entendem que farei isso por ela e não por mim, como se quisesse agradá-la tentando me tornar quem não sou, ou como se eu tivesse uma mente fraca e fosse altamente influenciável. Pelo contrário, me considero bastante crítica e, diferente do que costuma fazer, a Cida nunca tentou me convencer a adotar sua filosofia de vida. Acredito que porque no fundo ela já sabia que eu já estava convencida.
Conseguir viver sem causar nenhum dano a nenhum outro ser vivo senciente é um ato admirável. Acompanhar por um ano e meio o quanto isso é importante para ela, o quanto leva a sério e o quanto se envolveu de corpo e alma nesta luta é inspirador. Mas eu sempre achei que não conseguiria viver sem a alimentação que estou acostumada. Sou dependente de meu paladar. E um paladar que desenvolvi na infância e nunca mais expandi as alternativas. Sempre difundi o discurso do livre-arbítrio e me orgulhei de ser responsável por cada escolha da minha vida, fazendo sempre apenas o que quero fazer. Mas, entrava em contradição ao dizer que não conseguia ter uma alimentação saudável, não conseguia experimentar novos pratos, não conseguia deixar de comer besteira. Claro que consigo!
Minha decisão de me tornar vegana é sim uma tentativa de tornar este mundo melhor e me tornar uma pessoa melhor, foi sim inspirada pelo estilo de vida de uma pessoa que amo demais, mas é, antes de mais nada, uma decisão minha, para me fazer feliz, para provar a mim mesma que posso ser, fazer, me comportar como eu quiser. E eu escolho um estilo de vida saudável e ético. E estou disposta a enfrentar meus traumas e minha aversão a experimentar novos sabores.